sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Maria, mãe da nova criação

“A minha alma engrandece o Senhor”

Na pagina tocante do encontro entre as duas mães, Isabel chama Maria de “mãe do Salvador” e a declara bem-aventurada, feliz, porque acreditou. Com efeito, com o seu “sim”, Maria colaborou de forma decisiva com o mistério da encarnação. Assim a criança que nascerá será chamada “filho do Altíssimo”, mas também filho de Maria. Por sua vez Jesus na cruz entrega a Maria o discípulo que ele amava e este terá que acolhê-la, de agora em diante, como a sua própria mãe. A maternidade de Maria, portanto, sempre será obra do Divino Espírito Santo e, ao mesmo tempo, a resposta amorosa da humilde serva ao amor infinito de Deus. Chamar Maria de “mãe da nova criação” significa ver nela a primeira seguidora do seu próprio Filho. Jesus é o “homem novo”, o novo Adão. O velho homem desobedeceu, o novo foi obediente até a morte e morte de cruz (Fil 2,8). O velho Adão quis ser como Deus, o novo Adão, de Deus que ele era, se fez nada para nos salvar (cfr. Fil 2,6-7). Se o pecado nos afastou e nos afasta sempre mais de Deus, em Cristo a humanidade pode reencontrar o caminho de volta, a reconciliação e o perdão. O que estava perdido pode ser re-encontrado. Podemos dizer que quando o evangelista Lucas coloca nos lábios de Maria o Cântico do Magnificat, não é somente ela a cantar. Toda a humanidade e toda a criação se unem no canto que é gemido de esperança. Devem ser dores de parto e não de agonia. Porque Deus faz maravilhas nos pequenos e nos pobres. O que parecia grande, vai ficar pequeno e o que dominava pelo seu poder, será rebaixado e humanizado. Na nova criação não terá mais lugar para exploradores, porque a fome e a miséria serão vencidas. Não serão o dinheiro, a força e a técnica a gerar a nova criação. Serão a fraternidade, a paz e a justiça. Será a alegria do amor. Assim rezou Dom Helder Câmara, profeta do nosso tempo: – Maria, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e os pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico. Nada de escravo de hoje ser senhor de escravo de amanhã. Basta de escravos. Um mundo sem senhor e sem escravos. Um mundo de irmãos. De irmãos não só de nome e de mentira. De irmãos de verdade, Mariana –.

Que no Círio deste ano, guiados por Maria, sejamos todos, com a nossa vida, sinais visíveis da nova criação que já começou.





Dom Pedro José Conti

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